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30 outubro 2016

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Primeira Pessoa
ROGERIO SANTOS

um fog encobre
a próxima palavra
um gole e lá se vai
o penúltimo neurônio

o tempo é impiedoso
e não amortiza a conta

o fogo queima
a madeira do alicerce
um político castra
a próxima criança

em nome de Deus
tudo vale a primeira pessoa

o pretérito imperfeito
o futuro do pretérito
o hoje escrito em telas
que sepultam canetas

em frente do que é meu
um poeta sem estatura
reclama o que era nosso

os dedos apontam sua face
as bocas metralham frases
discursos mais-que-perfeitos
elaborados em horário nobre

a vida suplica poesia coletiva
mas é reduzida ao individualismo
- pobre