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17 fevereiro 2013

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Horário de Verão
ROGERIO SANTOS

entristecido, fim do horário de verão
volto os ponteiros, encaminho outra estação
se as folhas caem e a noite logo vem
vem meio-dia ou às onze o nosso trem?

a chuva tarda, tarda o tempo de gostar
do escritório, vejo o sol se derramar
me dá saudade de curtir um fim de tarde
convidativo, com a luz crepuscular

minha cidade não tem praia não tem cais
mas o calor de uma amizade vale mais
e gira o mundo vai mudando tudo então
quanta beleza tem horário no verão

do capricórnio para a linha do equador
do equador para o calor setentrional
minha saudade molha os pés na água fria
enquanto o sol segue a viagem tropical

09 fevereiro 2013

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Farol 
ROGERIO SANTOS

do barco não sobra nada
não deixa traço
não sobra rastro
no verde azul

é só vertigem
de doma-onda
trama de espuma
de ouvir calar

no mar do amar
um farol 
e a noite cria um dilema

gerar a luz 
e render caminho 
é cais bem longe
do desvario

ficar inerte é egoísmo 
uma ilusão
confim lascivo
na impiedade dos rochedos

colisão ou solidão
são duras possibilidades

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Minha Terra
ROGERIO SANTOS

quanto desses versos soltos trago em minhas mãos?
flor quando se despetala, outono... ou...

na palavra, um perfume solto na canção
no caminho, vaga-lume e noite de verão
sempre-vivas e bromélias, outras notas, viração


quanto desses versos soltos trago em minhas mãos?
flor quando se despetala, outono... ou não

segue firme seu destino: próxima estação
noutro inverno, tanto frio e um sol no coração
minha terra, minha língua, toda dor na intuição

quanto desses versos soltos cabe em minhas mãos?

quando canto - sempre solto, sempre preso
quem fui, quem sou eu...

(esse texto foi produzido como letra para um tema de canção)

03 fevereiro 2013

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Jabuticaba
ROGERIO SANTOS

ela tem um brilho em que me espelho
e tem um sorriso em que me espalho
ela tem uma sina no rosto, um desenho de lua
e no centro da lua, a noite em que me espraio
e ali tem uma força, nos olhos de lua e de noite
e ali é que me acendo para desvendar o porto
e ali, intrínseco, o farol da gravidade que orbito
no meio da testa da cabeça feita e iluminada
existe vida inteligente quando entro em parafuso
e mergulho no universo abissal desse poema
que me aguarda sorrindo feito egípcia esfinge
querendo alguém que o decifre e saiba guardar segredo
que decerto, por tão sábias, as palavras não dizem