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29 julho 2012

377


(ilustração: centros da cidade 2001, de Nelson Screnci)

In Sampa
ROGERIO SANTOS

a tela do quadro é o momento
cidade - palavra com domínio
é minha casa de som ao vento

eis que agora estamos quites
pago o débito automático
com a alma em movimento

23 julho 2012

376




Quintessência
ROGERIO SANTOS

no mato, tem planta e poesia
e a vida segue, adoçando o dia
tudo verde, de palha a casinha
um cheiro de lenha que vem da cozinha
manhã de sol, convite ao sorriso
que tudo é telha e bom abrigo
e a tardinha, devagar vai caindo
e aquele cheiro de café subindo
uma boa prosa, uma cachacinha
e tudo que é vida se repartindo
ah meu Brasil, pião-bandeira
de mastro madeira e amizade
tua gente é tão verdadeira
que a quinta cor e quintessência
se bem reparar, é só saudade

21 julho 2012

375



Oficina
ROGERIO SANTOS

na linha do limite do que vejo
do que pinta de soslaio de lampejo
ponho de pé um ovo e um bobo

para além da cortina a semântica
para o bem da caneta minha Atlântida

apronto mergulhos atabalhoados
na piscina dos delírios elevados
e respiro um olhar se volto à tona

o mar possível da lucidez é a cama
meu peito oficina de páginas e dramas


09 julho 2012

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Outro dia
ROGERIO SANTOS

pode ser que hoje eu pague pra ver
pode ser que hoje o sim seja mais
até hoje não sei de querer evitar
as palavras surgidas em ondas de mar

pode ser que o amor, todo amor, seja assim
justo assim que de tanto bater brota em mim
eu só sei que se é noite e é dia também
tudo dança a girar, meu olhar vai e vem

que sou todo um olhar que hoje onda de mim
vem da alma, do corpo, do poro, do pé
já não vejo e se vejo é que imploro pra ver
outro dia que vem, que outro dia é você